2 de março de 2008

A Morte Devagar



Morre lentamente quem não troca de idéias, não troca de discurso, evita as próprias contradições.



Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece.



Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu parceiro diário. Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos podem, e ainda, assim, alienam-se diante de um tubo de imagens que traz informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo com apenas 14 polegadas, ocupar tanto espaço em uma vida.



Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.



Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.



Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo.



Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser depressão, que é doença séria e requer ajuda profissional. Então fenece a cada dia quem não se deixa ajudar.



Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda e, na maioria das vezes, isso não é opção e, sim, destino: então um governo omisso pode matar lentamente uma boa parcela da população.



Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.



Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito destreinados para percorrer o pouco tempo restante. Que amanhã, portanto, demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior que simplesmente respirar.


(Martha Medeiros).

5 comentários:

Denise Ferrari disse...

Oi, tudo bem?
Vim lhe fazer uma visita!!!
Gostei do seu blog!
É verdade, a gente precisa mudar, se a gente se acomoda, acaba ficando sempre na mesma situação, não é , devemos enfrentar novos desafios!!
Beijos

Geninha disse...

ooie to na mesma luta que vc axei seu blog no comentário de alguém rsrsrs quando puder da uma passadinha no meu bloguinho tb viu bjssss.

Franciele disse...

Boa Tarde Ingrid!!
"Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe. "
Essa parte ai cai direitinho na minha cabeça..uauauua..acho que foi feita pra mim ne? Bejocas Fran

Shadows and Dust disse...

Vim agradecer (com um pequeno atraso) suas palavras em relação ao que eu escrevi a Aline,minha ex...mas pelo que vejo ela já tem outro...vida que segue.
Mas de coração,obrigado pelas palavras e fique com Deus.

Anônimo disse...

Mudar é sempre bom e uma boa oportunidade para vivenciar novas experiências.

Boa semana light! =)